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Acordei com uma luz fraca,
Abri o olho esquerdo, alucinado, de ressaca
Deitado em cima de uma maca,
No corredor de um hospital
Acho que o mês era janeiro,
Se não me engano dia primeiro
Eu não sabia de que ano, nesse cenário insano,
Eu tava bem pior que mal.
Minha cabeça não parava no lugar
Maldito teto não parava de rodar
Avistei minha camisa, que um dia já foi branca
Tava rasgada, amassada, sem botão
E o colarinho com uma mancha avermelhada de batom.
Eu não queria acreditar
Comprei de grife pra passar o Réveillon.
Vesti meu trapo e fugi lá do recinto,
Entrei no labirinto, eu não podia dar bobeira
Com um drible nos doentes, indigentes, segurança,
Fui perdendo a esperança e dei de cara com a enfermeira,
Mulata charmosa, estilosa, toda prosa,
A moça olhava na minha direção,
Eu não sabia o que pensar, acelerou meu coração,
Eu tava quase no portão.
Olhei pra bela com olhar apaixonado,
Ela me olhou com seu olhar desconfiado,
Fiz cara de paisagem e deixei logo explicado
Que tudo isso não tem nada de anormal,
Que eu estava de passagem, não estava hospedado
Naquele público hospital
Eu tava até sentimental, mas não queria falar mal
Tentei contar o que me tinha acontecido,
Mas não lembrava muito bem do ocorrido
Achei melhor mudar o rumo dessa prosa,
Vi uma rosa lá perdida pelo chão
Devia ser pra Iemanjá, acho que alguém perdeu por lá
Mas a mulata jogou duro, não quis me dar colher de chá,
Até me deu um sai pra lá.
Limpei o rosto, já pra lá do desespero,
Dei um jeito no cabelo, eu só queria impressionar
Olhei no espelho e já estava mais composto,
Mais seguro, mais disposto, com um gosto de romance pelo ar
Em meio a correria, encontrei a minha bela,
Desmaiei nos braços dela, acho que me faltou ar
Quando acordei aconchegado ao peito dela,
Dei bom dia, Cinderela ... e ela me deu o seu olhar
E foi assim que conheci Maria Rosa,
Mulher fogosa, que me traz tanta emoção
Dividimos nossos trapos, lá no morro de Mangueira
E nos versos de minha Estação Primeira,
Ela é porta-bandeira, dona no meu coração
Hoje em primeiro de janeiro,
Celebramos sem dinheiro, vinte anos de amor
Minha mulata é descolada cuida bem da filharada
Já encomendamos mais um
É o décimo primeiro, vai chegar em fevereiro
Quando nascer meu rebento,
Eu vou pedi-la em casamento.
Não sei se a nega vai querer todo esse comprometimento
já prometi festa no morro com muito divertimento
lua de mel pode escolher, mas fazer todo o juramento
a nega vale o investimento
Composição
Ronaldo Abifadel e Zélly Mansur
Arranjo e Mixagem
Zélly Mansur
Violão Base
Zélly Mansur
Percussões
Dinho Rosa
Cavaquinho e 7 Cordas
Ginho da Viola
Idealização e Design de Capa
Ronaldo Abifadel
Estúdio de Gravação
Studio ZYS